jueves, 12 de enero de 2012

De janelas e outras coisas


Olhar hoje pela janela, transporta-me 4 mil quilômetros de distancia. Um frio dia de janeiro me traz não só esse gélido ar outonal, sena também aquele conhecido – porém olvidado – gelo  no coração.
Os dias frios nos fazem ser mais sensíveis, aletargados, nos fazem conectar com o lado cinza e natural da vida. E é aqui onde as confissões se fazem mais patentes.
Se de confessar se tratasse, teria que confessar que me sinto livre de muitas coisas: do dever obrigado para com os outros, em detrimento da minha própria vontade e prazer, do peso de responder a certas expectativas, da resignação, do “politicamente correto”. Faz tanto tempo que não fazia o que realmente queria!. Faz tanto tempo que não compartilhava minha opinião com tudo mundo e não somente com as pessoas mais chegadas!. Aí eu percebo  cómo o sistema nos impõe peso e estrutura que nos inibe de certas realizações e comunicação. E quando digo “sistema”, refiro-me a tuda estrutura social: quer seja política, religiosa etc.
Contudo, enquanto me sinto livre, também sinto-me desapaixonada pelas convicções de outrora; e isso me deixa numa corda em meio de um abismo. Oxalá Deus tenha uma cama elástica esteja me esperando lá embaixo, caso eu cair.
Sem embargo, apesar das dificuldades emocionais/axiomáticas;  é tão bom assimilar a vida com prazer, com liberdade não só na teoria, senão na prática, no dia a dia; ser menos radical (“menos”, não neutra)
Neste 2012 pressinto que será uma boa e nova etapa. Esperemos que os Maias não estejam certos e termina o mundo neste ano.
E enquanto a fina chuvinha - tão pequena e suave como meu ser - é percebida com dificuldade pela minha miopia e astigmatismo, os frios 19° tropicais me convidam a refletir, a respirar com calma, a não andar ansiosa, a olhar para Aquele que um dia olhou para mim, a restabelecer certos laços esquecidos, deixados no tédio do silencio e do ensimesmamento.

No hay comentarios: