Olhar hoje pela janela, transporta-me 4 mil quilômetros de distancia. Um
frio dia de janeiro me traz não só esse gélido ar outonal, sena também aquele
conhecido – porém olvidado – gelo no coração.
Os dias frios nos fazem ser mais sensíveis, aletargados, nos fazem conectar
com o lado cinza e natural da vida. E é aqui onde as confissões se fazem mais
patentes.
Se de confessar se tratasse, teria que confessar que me sinto livre de
muitas coisas: do dever obrigado para com os outros, em detrimento da minha
própria vontade e prazer, do peso de responder a certas expectativas, da resignação,
do “politicamente correto”. Faz tanto tempo que não fazia o que realmente
queria!. Faz tanto tempo que não compartilhava minha opinião com tudo mundo e não
somente com as pessoas mais chegadas!. Aí eu percebo cómo o sistema nos impõe peso e estrutura que
nos inibe de certas realizações e comunicação. E quando digo “sistema”, refiro-me
a tuda estrutura social: quer seja política, religiosa etc.
Contudo, enquanto me sinto livre, também sinto-me desapaixonada pelas convicções
de outrora; e isso me deixa numa corda em meio de um abismo. Oxalá Deus tenha
uma cama elástica esteja me esperando lá embaixo, caso eu cair.
Sem embargo, apesar das dificuldades emocionais/axiomáticas; é tão bom assimilar a vida com prazer, com
liberdade não só na teoria, senão na prática, no dia a dia; ser menos radical (“menos”,
não neutra)
Neste 2012 pressinto que será uma boa e nova etapa. Esperemos que os
Maias não estejam certos e termina o mundo neste ano.
E enquanto a fina chuvinha - tão pequena e suave como meu ser - é percebida
com dificuldade pela minha miopia e astigmatismo, os frios 19° tropicais me
convidam a refletir, a respirar com calma, a não andar ansiosa, a olhar para
Aquele que um dia olhou para mim, a restabelecer certos laços esquecidos,
deixados no tédio do silencio e do ensimesmamento.
No hay comentarios:
Publicar un comentario