domingo, 30 de mayo de 2010

Jesus e os outros.

O outro dia estava numa cidade da cordilheira do centro sul do Chile. Fazia frio, um frio que dava dor na cabeça. Desafiando-o, me aventurei numa tarde de caminhada pelo centro da cidade. A pesar de não gostar muito do mall Center, entrei nele um tanto cética, sem acreditar que encontraria algo que realmente gostasse de olhar e me senti-se tentada a comprar. Não prestei atenção ao primeiro andar, o achei muito obvio, normal, ordinário. Subi pelas escadas que contribuem com meu sedentarismo e olhei as plaquinhas de tendas. Meu rosto iluminou-se quando lera: “Livraria interativa 3º andar”. Avidamente fui ao terceiro andar e entrei numa livraria. Confesso que não gostei dela, não achei nenhum clássico, só coisas pos-modernas com altas influencias psicológicas-pragmáticas, e caras.

Sai desiludida de não poder namorar nenhum livro. Então fui para a Feria chilena Del libro, a livraria mais importante do Chile. Foi como chegar a um oasis, como deitar depois de um dia exaustivo. Aqui misturava-se o novo com o antigo, o clássico com o moderno.Senti-me a vontade, tanto assim que fiquei horas namorando os livros que aí encontrava. Achei um muito singular, que , confesso; faz tempo queria ler “Lendas de amor e virtude de São Francisco de Assis.Admiro-o pela sua naureza radical e singeleza.

Cheguei a casa e me dispus a passar uma tarde com o santo menos popular, mas, confesso que não fiquei muito animada. Acontece que depois que se conhece a Jesus, ninguém te parece tão genial assim. As palavras de Francisco eram tão inverossímeis, tão distantes, frias que em nada me incentivarão ou estimularão.

Decepcionada com o santo, lembrei-me do meu doce Jesus, aquele dos evangelhos bíblicos (não dos apócrifos que parece mais distante que Francisco). Aquele Jesus demasiado divino para ser humano e demasiado humano para divino; aquela pessoa perfeita, que conhecia os corações de todos, que se compadecia das pessoas mais que dos animais, que sentia compaixão das multidões, que tinha um caráter rígido e amoroso ao mesmo tempo. Aquele Jesus que olha, que fica em silencio, que chora, que repreende, que tem a capacidade de proteger, aquele Deus que veio ao nosso encontro.

Confesso que sou leitora de sebos, gosto dos clássicos; mas por sobre todas as coisas, gosto do clássico Jesus, a quem podemos ir sem artifícios, sem intermediários, sem imitações (ou projetos de imitações que se auto-atribuem um valor alto demais). Como o Jesus apenas ele mesmo, o resto é resto. O resto são os outros.

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