lunes, 3 de agosto de 2009

O jejum

Nesta minha mente há muitas dúvidas que surgem a cada dia. Sou curiosa, admito, pelo menos com as coisas que me interesam, e muito mais com as verdades bíblicas. Perguntei-me o outro dia a respeito do jejum, a sua origem, significado e vigencia. Compartilho com vocês o que descobri.
Deficição e introdução

Jejuar é abster-se de qualquer tipo de comida, durante um periodo limitado. Qual é o verdadeiro motivo do jejum?. Nas religiões pagãs do mundo antigo, era claramente um medo aos demônios, e a ideia de que o jejum era um meio eficaz para se preparar um encontro com a divindade, pois criava o tipo correto de abertura diante da influência divina. Por esta tazão, nas religiões misticas, pertencia ao ritual de iniciação dos novicios.Na magia, como nos oráculos, o jejum era frequentemente considerado um preparo necessário ao sucesso. Era bem difundido o costume de de jejuar depois de uma morte. Enquanto a alma do morto ainda está por perto, há perigo de infecção demoniaca no comer e no beber. O jejuar também era exigido, por exemplo em certos ritos de fertilidade.
Na prática, era comum na totalidade do mundo antigo o jejum no ambiente de ritos religiosos e como defensa contra desgraças, mas não o jejuar por motivos éticos (ascetismo).

O jejum no Antigo Testamento

O TM usa a palavra ‘innah nepes’, “afligir-se” (lit. afligir a sua alma) juntamente com ‘sum’ que significa jejuar, refirindo-se a um rito de purificação. Frequentemente se encontra a expressão “não comer pão nem beber agua. As formas e propósitos do jejum são numerosas. O jejum se praticava em Israel como: preparativo para uma conversa com Deus (Ex. 34:28), meio de livrar-se de opresão (II Samuel 12:16-23), perigos de uma iminente guerra, como rito de expiação.
O jejum e a oração constantemente se acompanham, perdurando desde a manhã até a tarde (Jz. 20:26). Na descrição de Sl. 109:24, as tormentas do jejum durante o periodo de acusação são, ao mesmo tempo, um reflexo das tormentas intimas enfrentadas pelo suplicante. No decorrer do tempo, o sgnificado mais profundo do jejum, como expressão de humilhar-se do homem diante de Deus, foi perdido para Israel. Sempre, mais veio a ser considerado uma realizaçaõ piedosa. A luta dos profetas contra esta depersonalização e esvaziamento do comceito ficou sem sucesso

Vejamos o que diz Isaías a respeito do jejum
Isaías 58

v.5 seria este o jejum que eu escolheria: que o homem um dia aflija a sua alma, que incline a sua cabeça como o junco e estenda debaixo de sí saco e cinza? Chamarias tu a isto jejum e dia aprazivel ao Senhor?
v.6 Por ventura não é este o jejum que escolhi? Que soltes as ligaduras da impiedade, que desfaças as ataduras do jugo? E que dexes livres os quebrantados e despedaces todo jugo?.
v.7 Por ventura não é também que repartas o teu pão com o faminto, e recolhas em casa os pobres desterrados? E vendo o nu, o cubras, e não te escondas da tua carne?
v.8 Então romperá a tua luz como a alva, e a tua cura apressadamente brotará, e a tua justiça irá adiante da tua face e a glória do Senhor será a tua retaguarda.
v.9 Então clamarás, e o Senhor te responderá: gritarás e Ele dirá Eis-me aqui: se tirares do meio de ti o jugo o estender do dedo, e o falar vaidade.

No tempo de Isaías, o povo de Israel estava totalmente corrompido e esquecido da Lei do Senhor. Oprimiam o estrangeiro e se apoderavam das terras. Contudo, com seus ritos de costume queriam conquistar o favor de Deus. Ele rejeita totalmente esses ritos vazios e incongruentes com a praxis judaica.
O texto de Isaías indica que uma mera abstinencia de comida que não esta acompanhada por boas obras e cumprimento da Lei é igual a nada. Ou pior, não é algo do qual Deus se agrada. Para agradar a Deus, primeiramente se deve agradar o proximo e considerá-lo como digno dos favores, pois a Lei mandava assim. Toda ação religiosa que não esteja motivada pelo amor e por sentimento sincero diante de Deus e dos homens, é abominação ao Senhor. O favor e comunhão com Deus são impossiveis se não existe santidade no proceder do dia a dia.

O jejum no Novo Testamento

O ponto de vista interamente novo que o NT contribui sobre à questão do jejum se se expressa com a maxima clareza nas palavras de Jesus em Mr. 2:19: Podem, por ventura, jejuar os convidados para o casamento, enquanto o noivo está com eles? O irrompimento do reinado de Deus, da presença do Messias, das boas novas de salvação que independem das boas obras – tudo isso implica alegria, que é uma coisa excluída pelo jejum no sentido judaico. As palavras de Jesus parecem indicar que quem está com Cristo não precisa estar em luto e jejum, senão em festa e alegria. À luz da pregação de Jesus centralizada no Messias, o jejum desse tipo é coisa do passado, e pertence a uma era que já se foi. Nos Evangelhos, a resposta vinculada às parabolas de emenda nova na roupa velha e do vinho novo nas botijas velhas (Mr. 2:21-22) Contudo, o contexto nos diz que a resposta de Jesus referia-se aos discipulos que estavam com ele. Logo ‘o noivo’ seria tirado, e aí haverá razões para jejuar. Mas a igreja atual tem a promessa da presencia do Espirito Santo e do próprio Cristo todos os dias até a consumação dos seculos (Mt. 28:20). Não há evidencia do século I de que os cristãos tenham voluntariamente imposto o jejum sobre si mesmos. O NT não faz referencia a ele.
Contudo, temos Mt. 4:2 onde Jesus jejuou 40 dias e 40 noites. Alguns argumentam que sucedeu porque foi ni limiar da vinda da salvação.
Temos também o texto de Mt. 6:16 onde Jesus não condena o jejum em si, senão a hipocrisia e ostentação dos fariseus. O jejum é um costume judaico tal como a circunsição e a purificação.
Mateus 17 :21 ‘Mas esta casta de demonios não se expulsa senão com oração e jejum’. Parece que o texto diz que certos demonios não saim senão pela oração e jejum, mas este versiculo não se encontra nos manuscritos originais e mais conceituados e em Mr. 9:29 apenas se menciona a oração nos MSS.
Podemos, portanto, concluir que a ideia de que o jejuar tem valor por si mesmo foi abandonada, mas que a igreja primitiva de Palestina ainda retinha a prática do jejum a fim de demostrar que suas orações eram sinceras (Atos 13:3). Nas igrejas helenicas, conforme a evidencia da ausencia total destes termos das Espistolas, mormente nas de Paulo (pois há duas instancias, em II Co. 6:5 e 11:27 são apenas autobiográficas) e de Hebreus, parece que nem sequer existia a praxe de jejuar.
O jejum é apenas um rito religioso judaico que não tem um significado religioso nem espiritual para nossos dias, assim como a circunsição, as leis de purificação e a salvação por obras da lei.
Mas apesar disto, não podemos sair falando aos quatro ventos esta verdade sem explicar em forma lenta e biblica a natureza do jejum. Continuo a jejuar, não para obter um favor de Deus, senão por obediência quando ele é indicado, e por simbolo de um sincero desejo de que Deus ouça minhas preces. Apenas um simbolismo, nada de dogma; não é doutrina nem costume da igreja primitiva.
Contudo, a praxis da igreja atual reivindica o jejum como um exercicio espiritual feito de forma voluntaria. Concordo plenamente com sua prática quando é feito de forma sincera e sem utilizá-lo como uma ferramenta para ‘mover o coração de Deus’. Os grandes homens do cristianismo jejuavam constantemente. Jejum, penso eu, depois de ter lido sua origem e fazer uma eventual contextualizaão, é um tempo reservado para Deus, um despojar-se de toda a correria do dia a dia, das atividades que nos consumem e dirigem nosso tempo. Considero-o como um parêntesis espiritual, um parar do tempo em que seu pensamento está, ou deveria estar, focalizado apenas no Senhor altissimo e soberano, sem relogio, sem pressa, sem tarefas. Apenas Jeová e eu:um dia reservado para estar com um bom amigo, Senhor do universo e salvador de nossas vidas.

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