jueves, 30 de julio de 2009

Uma dosis de latinoamericaneidade

Provenho do fim do mundo, de uma terra longa e fria onde os pensamentos se congelam com o vento sulenho de cordileira e com a brisa marinha do ocaso. Contudo, atualmente ando pelas ruas do país tropical com cheiro de café e a sensação do sol como eterno companheiro. Moro em Latinoamerica, que nem adianta fazer uma grande diferença entre seus países, pois parecem ser todos muito semelhantes, ou pelo menos assim nos veem desde o norte e o este da nossa terra.
A pesar de ser latina, não possuo nada que me diferencie como tal, a não ser minha estatura e meu idioma. Não gosto muito de dançar, sou fria nos meus primeiros relacionamentos sociais, a samba ou a cumbia não são minha praia no absoluto, a maioria dos escritores que admiro são europeus e tirando o bossa nova, a musica que ouço é estadounidense ou inglesa. Até estes dias estava feliz e satisfeita com meu jeito europeu de ser latina, de me expressar assim até na religiosidade; mas este mês fiz uma viagem ao outro lado do Brasil: o Nordeste.
Estive em Parnaiba-PI por praticamente um mês com pessoas que jamais havia visto na minha curta vida. Descobri que não sabia muita coisa dele. Nunca havia visto alguém dançar forró, nem tinha percebido o jeito singular das pessoas que andam na rua sem pressa nenhuma, ignorando totalmente que em redor deles há uma cultura fria que aos poucos se introduz com força. Até a fisonomia deles é diferente, mistura-se entre oceánicos, indios e europeus, suas tez são morenas e seus cabelos lisos.
Quando fizemos a liturgia,realmente eu era uma estatua no meio deles, com nenhum movimento gracioso para acrescentar, totalmente pressa a mim mesma e ao jeito que sempre fui. Me senti como uma estatua esvaziada de todo o que sua cultura representa, sem poder sequer alçar as mãos para meu Senhor. Progressivamente meus ouvidos foram se enchendo de ritmos tropicais e tipicos. Aí descobri que sim sou do fim do mundo e que em nada devo reprimir esta a minha latinoamericaneidade e não me deixar influenciar totalmente por algo que não me caracteriza (embora acredite que pessoa é pessoa aqui e na China, mas esse é outro tema).
Confesso que dançei, embora torpe em meus movimentos, para mim foi dança, para outros certamente foi uma tentativa frustrada de dança, mas seja como for, meu ato foi sincero e com afinco, cheio de risos e descontraimento.
Agora eis-me aqui, cheia de uma dosis de latinoamericaneidade. Se for verdadeira,permanecerá, do contrario em breve desaparecerá. O tempo testará minha natureza. Pelo menos continuo a tentar dançar.

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