lunes, 17 de agosto de 2009

O cristão e o mundo

Vós sois o sal da terra; e se o sal for insípido, com que há de se salgar? Para nada mais presta senão para ser lançada fora, e ser pisado pelos homens (Mt. 5.13)
O Brasil é um país abênçoado, a cada dia igrejas são criadas, lugares litúrgicos são inagurados com nomes singulares e a palavra de Deus é pregada. Ser cristão é normal, comúm, popular, até tornou-se moda neste país tropical. O bom disto é que o nome do senhor Jesus esta sendo anunciado. Contudo, este fenômeno traz consigo algumas implicações dignas de consideração. Vemos muito carisma e pouco caráter. Muitas igrejas, muitos cristãos, muito comodismo, muita música gospel, muitos livros gospel, e glória a Deus por isso!, mas juntamente com isto, vemos também pouco caráter. Pouca diferença entre quem é cristão e quem não é, pouca firmeza, pouca doutrina, pouca irrepreensibilidade, pouco testemunho pragmático, pouco evangelismo e visão missionária, pouca leitura biblica, pouca prática das verdades cristãs. Em fim, Muita igreja e pouco reino.
Mas este cénario não é apenas o cenário brasileiro atual, pois o relacionamento complexo dos cidadãos do Reino com o mundo no qual vivem se remonta aos cristãos ao longo da historia, até chegar ao próprio Jesus e seu contexto religioso judaico.
Cristo adverte seus discipulos, no magno sermão da montanha, da natureza peculiar de cada um deles como cidadãos do Reino. Contudo, seria um erro hermenêutico issolar este versículo do seu contexto imediato. Jesus começa falando a respeito das bem-aventuranças, ou da felicidade que proporciona ser um cidadão do Reino, ainda que as premissas sejam paradoxais às do mundo como sistema. Os que são pobres de espirito, os que choram, os mansos, os que tem fome e sede de justiça, os misericordiosos, os limpos de coração, os pacificadores, os que sofrem perseguição, os injuriados e caluniados por causa de Cristo; eles são os que receberão as dádivas do Reino e o galardão, eles são os felizes e bem-aventurados, pois estas são caracteristicas dos filhos de Deus. Assim perseguiram aos profetas antigos e assim farão com os discipulos atuais. Estas são as pessoas às quais Jesus chama ‘o sal da terra’. ‘Vós sois o sal da terra!’. Pessoas que sofrem por causa do evangelho, não os fariseus da época, senão os verdadeiros filhos de Deus e participantes do Reino. O versiculo seria melhor traduzido como ‘vós sois sal para a terra.’ O discipulo como ‘sal’ para o mundo tem todas estas qualidades que lhe são inerentes, principalmente a de preservação para evitar a putrefação. Se o sal for insipida, com que sazoar-se-á?. Se os cristãos não sofrerem e vivenciassem todas as dádivas de ser filho de Deus neste mundo, como o mundo seria preservado?. O mundo estaria totalmente corrompido a não ser pela presencia dos filhos de Deus no mundo. A presencia do cristão no mundo é de suma importância para fazer a diferencia em um mundo que está nas mãos do maligno e que é aborrecedor de Deus. Se o sal for insípido, para nada mais presta senão para ser lançado fora e pisoteado. Se o cristão não sofrer e desfrutar as bem-aventuranças para nada sirve senão para ser rejeitado e colocado fora. As palavras de Jesus são claras e fiéis. Se um cristão não manifesta sua natureza regenerada e não sofresse por causa de Cristo, dando testemunho ao mundo através da sua própria vida, para nada serve senão para ser lançado fora.
As palavras de Jesus trazem confronto. O cristianismo jamais será amigo deste mundo, pois os valores do Reino são diametralmente opostos aos valores cristãos, são um paradoxo constante. Por esta causa é que o cristão deve mostrar-se como uma pessoa, de fato, regida por um código moral divino, ‘de outro mundo, de outro reino’, um individuo que está no mundo, mas não faz parte dele. Deve mostrar caráter e não apenas carisma.
Este é o grande desafio de Cristo à igreja atual, e particularmente à igreja brasileira que cresce a cada dia mais. Oxalá que esse crescimento seja um gerador de ‘sal para a terra’, um preservador do mundo corrompido, uma manifestação de uma contra-cultura, um reino paralelo que influencie cada dia seu redor, não apenas com moda, com música e livros, senão, por sobre todas as coisas, com firmeza, irrepreensibilidade, testemunho, pureza de coração, paz, sofrimentos de blasfemias por causa de Cristo, caráter e carisma.
Senhor, ajuda a tua igreja a ser sal para a terra, a ter a natureza de filhos de Deus como uma coisa sublime e não corriqueira, a ter muito carisma, mas também muito caráter.






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