Essa manhã
eu estava de boa, escutando um jazz e lendo a Sábato; cumprindo a rotina de
sempre, deitada no sofá. Desta vez no sofá, pois a chuva na minha sacada não me
deixa sair.
De pronto um circulo gelado começou crescer no interior
meu pequeno e frágil peito, girando e girando sem parar, ampliando-se na medida
em que girava, girava e girava; qual ciranda de criança, as que, alias, sempre me
recusei a dançar.
Mas a
ciranda que em tempos de infância não dançara, retornava nesta pseudo manhã de
fim de mundo. E é que o passado sempre volta quando fica inconcluso, assemelhando-se
ao eterno retorno do qual sempre queremos fugir. Pois bem, enquanto sentia a
ciranda do meu ser girar e girar, os pensamentos foram se remexendo e saindo de
lugar. E agora estou aqui, sem “ismos”, sem ponto de equilíbrio, sem nada que
me sujeite a uma certeza, duvidando de tudo e dando por possível tudo (bem,
quase tudo), uma perfeita niilista...quem di-lo-ia!!
É tão estranho
saber e comprovar que as pessoas mudam. E quando digo “as pessoas” refiro-me
especialmente a mim, pois não gosto de ambiguidades. Sou eu, eu que mudo a cada
certo tempo, quando o solstício de inverno se aproxima, quando os astros se
alinham e os polos se descongelam com rapidez. Certezas nunca teremos, apenas
crenças, pois se de cirandas e reviravoltas se trata, elas sempre mudam seu
ritmo e canção. E com a vida não é diferente.
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