Amor a primeiro livro

Meia noite e vinte e três do dia domingo –ou segunda- se quiser. Estou cansada, com sono, mas uma parte da minha mente está tão ativa que não me deixa dormir. Tentei ver um filme de Kubrick (The Shining, que já tinha visto, obviamente), mas não conseguia me concentrar. Fui para o faceboook, e estavam os mesmos de sempre, como se cumprissem cartão. Logo disso tentei com meus artesanatos, leitura; mas nada...

El muchacho rico, por causa dele é que não consigo me concentrar. Já o conhecia, mas hoje chegou à livraria com sua polera de Beatles, seus óculos de sol bizarros y sua voz grave, me cumprimentando em espanhol, fazendo uma que outra gracinha para mim. El muchacho que tem bons gostos literários. Cumprimentou-me, mas como eu estava ocupada, o deixei sozinho vendo os livros.  Olhou, olhou, olhou e logo se foi...não vi quando isso aconteceu...

Horas depois apareceu... o vi...ele viu que o vi, e viu que fingi que não o vi. Olhou, entrou. O deixei a vontade uns minutos, logo fui a “auxilia-lo literariamente”. Ele tem um não sei o que  que me deixa louca: se é a voz, a tez morena, não sei; mas o cara “chega chegando”, mexe comigo. Se fosse só isso, seria fácil, apenas algo físico, mas quando pega livros de Hemingway, de Fitzgerald me mata!, é um orgasmo literário!. Perguntei Le se tinha visto “Meia Noite em Paris”, me respondeu que sim, que é fantástica e que teria sido bom viver nessa época. Nesse momento quase desmaiei nos seus sapientes braços. Como se faltasse, me mostrou o disco do Chico Buarque que tinha acabado de comprar. Perguntou-me se gostava do Chico. Nesse momento eu já não sabia se estava sonhando ou estava no mundo real; com umas ganas loucas de beija-lo respondi que gostava sim, e muito.

Depois de ver vários livros, o convenci de que comprasse O Lobo da Estepe, de Herman Hesse. Gostou da ideia, foi para o caixa, fez umas piadinhas, rimos todos, eu boba com seu sorriso de protagonista de comercial de creme dental:  perfeito!

Amor a primeiro livro: fato. Não me apaixono pelo físico, pelas coxas ou pelo carro, senão pelos livros que comprar, pelos filmes que assistem, pela musica que escutam. Agora estou aqui, escutando o Chico Buarque, sentada no chão de tanto calor que faz; esperando que agora sim possa dormir. Com ele na mente? Why not?, seria um bom sonho. Arrependo-me de não ter perguntado o nome, o facebook alguma coisa assim. Espero que volte, que os astros se alinhem e me façam uma gracinha. Enquanto isso, vou lendo Os belos e malditos.